Téa, a ateia©

“Deuses são coisas frágeis; eles podem ser mortos com uma baforada de ciência ou uma dose de senso comum.” -Chapman Cohen

19/07/2016

Ashura: uma breve explicação sobre a barbárie

Para entender o ritual de Ashura, vamos primeiro à uma breve explicação do que é o Islã: É a mais recente das grandes religiões mundiais que tem por fundador Maomé, que nasceu em Meca, na Arábia, por volta de 570 d.C.. É a segunda maior religião do planeta depois do cristianismo.


Na época de Maomé, naquela região do oriente era comum o culto à vários deuses embora o cristianismo e o judaísmo estivesse em crescimento. Maomé se destacou por ter uma filosofia própria, pregando a ideia de um único Deus e pela noção de fim do mundo acompanhado do juízo final. Estabelecido em Medina, logo se tornou um líder religioso e político, assaltando as caravanas que pertenciam às famílias de Meca, conseguiu se firmar financeiramente. Misturando o poder, controle político, preceitos morais e ensinamentos religiosos, Maomé deu início à uma luta pela causa de Alá, onde qualquer ato bárbaro era aceito em nome de uma “causa nobre”.



O nome dado a essa batalha, ou luta, jihad, mais tarde também usado para designar a guerra santa. Quando Maomé morreu, os muçulmanos passaram a ser liderados por califas, ou sucessores. A principal dissidência no islã foi causada por um desacordo sobre quem deveria ser o líder, a facção xiita acreditava que deveria ser um descendente direto do profeta, enquanto a maior facção, os sunitas, julgava que a liderança cabia ao indivíduo que de fato controlava o poder. No islã não existe um sacerdócio organizado, qualquer homem adulto muçulmano pode ser um dirigente das preces, um imã.


O dia da Ashura é o décimo dia do Muharram no calendário islâmico, marcando o clímax da reflexão do Muharram. Ele é celebrado pelos muçulmanos xiitas como o dia do martírio de Hussein ibn Ali, neto do profeta Maomé, morto na Batalha de Karbala, que aconteceu no 10º dia do Muharram do ano 61 do calendário islâmico (2 de outubro de 680 d.C). De acordo com a Suna, Maomé jejuou neste dia e pediu a outras pessoas que fizessem o mesmo. Muçulmanos sunitas também celebram o dia, tido como o dia que Moisés jejuou em gratidão a Deus pela liberação dos judeus do Egito.

Para relembrar o sacrifício de Hussein, que morreu em batalha com sua cabeça cortada e seu corpo mutilado, o povo sacrifica seu próprio corpo em celebração. Os xiitas saem a rua, munidos de chicotes com pontas de aço ou espadas, e batem em seu próprio corpo até sangrar. Muitos se batem até não ter mais forças. É um ritual bárbaro onde em nome da fé, crianças assistem fascinadas e até mesmo participam, os filhos bebês de pais mais ‘radicais’ recebem um corte na testa, representando o sofrimento de seu Imã. Em várias cidades do mundo há leis proibindo este ritual de autoflagelação e mutilação, no entanto ele continua sendo praticado entre os seus seguidores mais radicais.

Por: LoLa - Téa, a ateia©