Téa, a ateia©

“Deuses são coisas frágeis; eles podem ser mortos com uma baforada de ciência ou uma dose de senso comum.” -Chapman Cohen

24/09/2015

Jovem adepta do candomblé é agredida por funcionária de supermercado

Adepta do candomblé há um mês e meio, Jéssica Spinelli, de 24 anos, afirma ter passado por momentos constrangedores na tarde da última segunda-feira enquanto fazia compras em uma rede de supermercados de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

Vestida com roupas brancas e fios de conta no pescoço, a jovem diz ter sido agredida fisicamente e verbalmente por uma funcionária do local por causa de sua religião. Ela foi agarrada pelos braços e sacudida pela mulher ao mesmo tempo em que era questionada sobre qual demônio servia.
- Ela (funcionária) me pegou pelos braços, sacudiu e perguntava “para qual demônio você serve?”. Ela questionava também se eu morresse para onde iria minha alma. Eu fiquei muito constrangida. Não imaginava que isso poderia acontecer comigo algum dia - contou Jéssica.

A jovem foi ao supermercado com mais uma amiga, que não pode fazer nada já que estava com um bebê no colo, para fazer compras do barracão onde está sendo iniciada na religião. Jéssica era evangélica e resolveu seguir o candomblé no início deste ano. Assim que soube do ocorrido com sua filha de santo, Márcia Marçal, de 55 anos, ficou indignada e resolveu registrar o caso na 35ª DP (Campo Grande), delegacia da região. A mãe de santo ainda fez um post indignado nas redes sociais.
Há mais de 27 anos no candomblé, Márcia contou que nunca passou por uma situação parecida. Ela e Jéssica chegaram a ir no supermercado para conversar com a gerente do estabelecimento, mas por duas vezes não tiveram sucesso. Na terça-feira, após o registro feito na delegacia, voltaram ao comércio e encontraram a funcionária que teria feito a agressão. A suspeita teria então pedido desculpas à vítima depois de ter sido repreendida por uma superior.
- Não deixei que ela abraçasse a Jéssica, não. Não foi uma desculpa sincera. Quero justiça no caso porque, se eu não fizer nada, daqui a pouco estão nos agredindo com pedras ou outra coisa. Não quero que isso aconteça com outros filhos meus. Todos têm o direito de ir e vir - disse Márcia Marçal.

O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande) como intolerância, injúria por motivo religioso e agressão. A Polícia Civil informou que a vítima foi ouvida e que os agentes realizaram diligências no local em que o fato aconteceu. A mulher apontada como autora das ofensas foi identificada e será intimada a depor. Os policiais analisam agora imagens do estabelecimento. As investigações estão em andamento.
- Ninguém merece ser julgado. Não conhecia a funcionária. Nunca a tinha visto na vida. Não aceito a desculpa dela. Eu quero respeito, assim como respeito outras religiões. Me sinto muito bem no candomblé, muito amada - disse Jéssica.



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