Téa, a ateia©
“Deuses são coisas frágeis; eles podem ser mortos com uma baforada de ciência ou uma dose de senso comum.”
-Chapman Cohen
25/12/2017
04/08/2017
16/05/2017
Suposta deusa esposa do deus bíblico foi intencionalmente excluída da bíblia
A deusa mãe, mulher de Javé, foi excluída intencionalmente da Bíblia, no
caminho para a construção paradigmática da hegemonia masculina. Muitas traduções se referem a Asherah como “Árvore Sagrada”, e de acordo
com Wright, essa referência foi criada para “esconder” a existência da
deusa. As referências a Asherah no Velho Testamento são raras e foram
grandemente editadas pelos antigos autores responsáveis por reunir os
textos que seriam incluídos nas escrituras.
Quem propôs essa ideia foi a pesquisadora Francesca Stavrakopoulou,
doutorada pela Universidade de Oxford e professora do Departamento de
Teologia e Religião da Universidade de Exeter, na Inglaterra.
Segundo Francesca, Yahweh — outro nome para Deus, assim como Alá — era casado com Asherah, uma importante deusa adorada em Israel durante a Antiguidade. A estudiosa baseou suas alegações em evidências arqueológicas que incluem textos antigos, inscrições e pequenos ídolos descobertos na antiga cidade canaanita de Ugarit, localizada no território que hoje corresponde à Síria, assim como em detalhes presentes na própria Bíblia.
Conforme explicou, Deus não só era uma das muitas divindades veneradas em Israel na Antiguidade, como dividia seu “trono” com uma esposa, que era adorada juntamente com Ele em um templo de
Jerusalém.
De acordo com os historiadores, os antigos israelitas eram politeístas, e apenas uma pequena minoria adorava unicamente a Yahweh, entidade que corresponde ao Deus seguido pelas religiões abraâmicas. Isso mudou em 586 a.C., quando uma comunidade que pertencia à Judeia foi exilada na Babilônia e o Templo de Jerusalém foi destruído.
Esse evento acabou dando origem a uma visão estritamente monoteísta, focada na existência de um Criador Universal, não só para o reino de Judá, mas para todas as nações do mundo. Só a título de esclarecimento, as religiões abraâmicas se apoiam na crença da existência de um único Deus e sua origem comum pode ser traçada até Abraão.
Essas crenças compõem uma das três principais divisões na religião, juntamente com as religiões indianas e as da Ásia Oriental, e compreendem o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
Francesca passou diversos anos analisando os contextos culturais e sociais da Bíblia, e concluiu que Yahweh teve que competir com outras tantas divindades — como Molek, Baal e El — ( Vídeo recomendado: https://www.youtube.com/watch?v=J7tGq-yrcgc ) até conquistar a posição de Todo Poderoso junto aos antigos israelitas. Segundo explicou, apesar de Deus ordenar em um de seus 10 mandamentos “não terás outros deuses diante de mim”, a própria Bíblia traz evidências de que outras entidades eram adoradas juntamente com Ele.
Além disso, de acordo com a teóloga, o Livro dos Reis aponta que Deus tinha uma esposa, e que ela era adorada juntamente com Ele. Asherah, a companheira de Yahweh, era apresentada como uma divindade que se sentava ao lado do marido, e o texto bíblico ainda revelaria que uma estátua da deusa ficava abrigada no interior de um templo em Jerusalém, e que as sacerdotisas do local eram responsáveis por criar mantos cerimoniais para ela.
Além de aparecer na Bíblia, a ligação entre Yahweh e Asherah também é mencionada em inscrições descobertas em fragmentos de cerâmica do século 8 a.C. encontrados em Kuntillet Ajrud, no deserto do Sinai. Segundo Francesca, o texto se refere a um pedido destinado ao “Casal Divino”, e outras tantas inscrições semelhantes foram recuperadas, fortalecendo o corpo de evidências que apontam que os antigos israelitas acreditavam que Deus tinha esposa.
A “esposa” de Yahweh também era conhecida pelos nomes Istar e Astarte, e era de grande importância para os povos do passado, sendo uma divindade ao mesmo tempo poderosa e maternal.
Antes de ser associada à figura de Yahweh, Asherah era consorte de El, Deus supremo de Canaã e pai de Baal. Na Bíblia ela frequentemente aparece como ha asherah e, nesses casos, as escrituras não se referem a ela como sendo uma divindade, mas como um símbolo presente nos altares de santuários israelitas dedicados a Yahweh, muitas vezes na forma de árvores. Daí sua ligação com o “Deus dos Hebreus”, como também era conhecido.
O estudioso J. Edward Wright, presidente de um centro de estudos judaicos e do Instituto Albright de Pesquisas Arqueológicas, confirmou que diversas inscrições hebraicas mencionam a ligação entre Yahweh e Asherah. Segundo disse, a suposta esposa de Deus não foi completamente apagada da Bíblia, e ainda é possível encontrar vestígios de sua existência em evidências arqueológicas textos de países que fazem fronteira com Israel e a Judeia.
Muitas traduções se referem a Asherah como “Árvore Sagrada”, e de acordo com Wright, essa referência foi criada para “esconder” a existência da deusa. As referências a Asherah no Velho Testamento são raras e foram grandemente editadas pelos antigos autores responsáveis por reunir os textos que seriam incluídos nas escrituras.
Aaron Broody, diretor do Museu Bade e professor de estudos relacionados com arqueologia e a Bíblia, explicou que a figura de Asherah como “árvore” inclusive chegou a ser simbolicamente cortada e queimada no exterior do Templo de Jerusalém por religiosos que tentavam purificar o culto e focar na adoração de um único Deus homem, Yahweh.
Francesca não é a primeira estudiosa a mencionar a ligação entre Yahweh e Asherah. Em 1967, o historiador Raphael Patai apresentou a teoria de que os antigos israelitas adoravam às duas — e a muitas outras — divindades e, de lá para cá, outros vários estudiosos publicaram estudos e livros sobre o tema. A teóloga retomou as pesquisas sobre o assunto, e seus trabalhos acabaram se tornando tema de um polêmico documentário produzido pela BBC.
CONCLUSÕES
Asherah possivelmente era uma Deusa e consorte de Yahweh no Antigo Israel e não um simples atributo deste. A proibição da Deusa Asherah é fruto de um dado momento histórico de elaboração e ascensão do monoteísmo javista, onde a identidade judaica, após a drástica experiência do exílio babilônico e na tentativa de reorganização da nação, passa a se constituir em torno de três pilares: um só Deus, um só Povo e uma só Lei. A centralidade em Yahweh se torna um fator importante de credibilidade e legitimação da nova identidade nacional em formação, resultado das reformas empreendidas por Esdras e Neemias. A idolatria se torna então a culpa da ruína de Israel e neste contexto Yahweh é triunfante. Isso irá se refletir no conflito que os textos bíblicos demonstram em relação a Asherah e a outros Deuses e Deusas, bem como, em relação principalmente às mulheres estrangeiras.
Podemos claramente perceber que a elaboração e instituição do monoteísmo não se deu de forma democrática e muito menos pacífica. A partir de um contexto politeísta, a centralidade em Yahweh é um processo violento, de destruição da cultura religiosa do outro e da outra, de proibição do diferente, demonizando-o e tornando-o uma ameaça. Um processo nítido de intolerância religiosa.
A supressão do culto e da imagem da Deusa Asherah traz consigo conseqüências profundas para as relações entre os gêneros, afetando em especial aos corpos das mulheres, que tinham na Deusa uma possibilidade de representação do feminino no sagrado. A religião judaica vai se constituindo em torno de um único Deus masculino, legitimando historicamente uma sociedade patriarcal. Este poder divino imaginado somente como Deus afetou as mulheres, as crianças, a natureza, pois quase sempre partiu de um pressuposto de dominação, opressão e hierarquização das relações, tanto humanas como ecológicas.
Afirmar Asherah como Deusa é polêmico, mas necessário à religião e à pesquisa bíblica. Dar voz a uma época em que Deuses e Deusas eram adorados, em que o próprio Yahweh foi adorado ao lado de Asherah, nos impulsiona a re-pensar não só as relações pré-estabelecidas entre homens e mulheres, bem como, a própria representação do sagrado estabelecida.
Re-imaginar o sagrado como Deusa é re-imaginar as relações de poder, não numa tentativa de apagar a presença de Deus e sim de dar espaço ao feminino no sagrado, novamente o feminino não como um atributo do Deus masculino, mas como Deusa.
Esta talvez seja uma grande contribuição da reflexão feminista, que nos desloca e nos provoca a re-imaginar o sagrado, como possibilidade de re-imaginar a sociedade e as estruturas cristalizadas secularmente.
FONTES: DISCOVERY NEWS (Jennifer Viegas) THE TELEGRAPH (Michael Deacon) BIBLIOTECA PLAYADES (Ronald L. Ecker ) DAILYMAIL. MUNDO CURIOSO (Maria Luciana Rincón) A BÍBLIA.ORG ( Ana Luisa Alves Cordeiro)
Segundo Francesca, Yahweh — outro nome para Deus, assim como Alá — era casado com Asherah, uma importante deusa adorada em Israel durante a Antiguidade. A estudiosa baseou suas alegações em evidências arqueológicas que incluem textos antigos, inscrições e pequenos ídolos descobertos na antiga cidade canaanita de Ugarit, localizada no território que hoje corresponde à Síria, assim como em detalhes presentes na própria Bíblia.
Conforme explicou, Deus não só era uma das muitas divindades veneradas em Israel na Antiguidade, como dividia seu “trono” com uma esposa, que era adorada juntamente com Ele em um templo de
Jerusalém.
De acordo com os historiadores, os antigos israelitas eram politeístas, e apenas uma pequena minoria adorava unicamente a Yahweh, entidade que corresponde ao Deus seguido pelas religiões abraâmicas. Isso mudou em 586 a.C., quando uma comunidade que pertencia à Judeia foi exilada na Babilônia e o Templo de Jerusalém foi destruído.
Esse evento acabou dando origem a uma visão estritamente monoteísta, focada na existência de um Criador Universal, não só para o reino de Judá, mas para todas as nações do mundo. Só a título de esclarecimento, as religiões abraâmicas se apoiam na crença da existência de um único Deus e sua origem comum pode ser traçada até Abraão.
Essas crenças compõem uma das três principais divisões na religião, juntamente com as religiões indianas e as da Ásia Oriental, e compreendem o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
POLITEÍSMO ISRAELITA
Francesca passou diversos anos analisando os contextos culturais e sociais da Bíblia, e concluiu que Yahweh teve que competir com outras tantas divindades — como Molek, Baal e El — ( Vídeo recomendado: https://www.youtube.com/watch?v=J7tGq-yrcgc ) até conquistar a posição de Todo Poderoso junto aos antigos israelitas. Segundo explicou, apesar de Deus ordenar em um de seus 10 mandamentos “não terás outros deuses diante de mim”, a própria Bíblia traz evidências de que outras entidades eram adoradas juntamente com Ele.
Além disso, de acordo com a teóloga, o Livro dos Reis aponta que Deus tinha uma esposa, e que ela era adorada juntamente com Ele. Asherah, a companheira de Yahweh, era apresentada como uma divindade que se sentava ao lado do marido, e o texto bíblico ainda revelaria que uma estátua da deusa ficava abrigada no interior de um templo em Jerusalém, e que as sacerdotisas do local eram responsáveis por criar mantos cerimoniais para ela.
Além de aparecer na Bíblia, a ligação entre Yahweh e Asherah também é mencionada em inscrições descobertas em fragmentos de cerâmica do século 8 a.C. encontrados em Kuntillet Ajrud, no deserto do Sinai. Segundo Francesca, o texto se refere a um pedido destinado ao “Casal Divino”, e outras tantas inscrições semelhantes foram recuperadas, fortalecendo o corpo de evidências que apontam que os antigos israelitas acreditavam que Deus tinha esposa.
DEUSA DA FERTILIDADE
Aliás, apesar de a Bíblia condenar esse tipo de prática, os textos sugerem que a adoração de divindades era muito comum em Jerusalém. E tanto ídolos como amuletos, incluindo textos antigos, revelam que Asherah era uma poderosa deusa da fertilidade.A “esposa” de Yahweh também era conhecida pelos nomes Istar e Astarte, e era de grande importância para os povos do passado, sendo uma divindade ao mesmo tempo poderosa e maternal.
Antes de ser associada à figura de Yahweh, Asherah era consorte de El, Deus supremo de Canaã e pai de Baal. Na Bíblia ela frequentemente aparece como ha asherah e, nesses casos, as escrituras não se referem a ela como sendo uma divindade, mas como um símbolo presente nos altares de santuários israelitas dedicados a Yahweh, muitas vezes na forma de árvores. Daí sua ligação com o “Deus dos Hebreus”, como também era conhecido.
ÁRVORE SAGRADA
O estudioso J. Edward Wright, presidente de um centro de estudos judaicos e do Instituto Albright de Pesquisas Arqueológicas, confirmou que diversas inscrições hebraicas mencionam a ligação entre Yahweh e Asherah. Segundo disse, a suposta esposa de Deus não foi completamente apagada da Bíblia, e ainda é possível encontrar vestígios de sua existência em evidências arqueológicas textos de países que fazem fronteira com Israel e a Judeia.
Muitas traduções se referem a Asherah como “Árvore Sagrada”, e de acordo com Wright, essa referência foi criada para “esconder” a existência da deusa. As referências a Asherah no Velho Testamento são raras e foram grandemente editadas pelos antigos autores responsáveis por reunir os textos que seriam incluídos nas escrituras.
Aaron Broody, diretor do Museu Bade e professor de estudos relacionados com arqueologia e a Bíblia, explicou que a figura de Asherah como “árvore” inclusive chegou a ser simbolicamente cortada e queimada no exterior do Templo de Jerusalém por religiosos que tentavam purificar o culto e focar na adoração de um único Deus homem, Yahweh.
Francesca não é a primeira estudiosa a mencionar a ligação entre Yahweh e Asherah. Em 1967, o historiador Raphael Patai apresentou a teoria de que os antigos israelitas adoravam às duas — e a muitas outras — divindades e, de lá para cá, outros vários estudiosos publicaram estudos e livros sobre o tema. A teóloga retomou as pesquisas sobre o assunto, e seus trabalhos acabaram se tornando tema de um polêmico documentário produzido pela BBC.
CONCLUSÕES
Asherah possivelmente era uma Deusa e consorte de Yahweh no Antigo Israel e não um simples atributo deste. A proibição da Deusa Asherah é fruto de um dado momento histórico de elaboração e ascensão do monoteísmo javista, onde a identidade judaica, após a drástica experiência do exílio babilônico e na tentativa de reorganização da nação, passa a se constituir em torno de três pilares: um só Deus, um só Povo e uma só Lei. A centralidade em Yahweh se torna um fator importante de credibilidade e legitimação da nova identidade nacional em formação, resultado das reformas empreendidas por Esdras e Neemias. A idolatria se torna então a culpa da ruína de Israel e neste contexto Yahweh é triunfante. Isso irá se refletir no conflito que os textos bíblicos demonstram em relação a Asherah e a outros Deuses e Deusas, bem como, em relação principalmente às mulheres estrangeiras.
Podemos claramente perceber que a elaboração e instituição do monoteísmo não se deu de forma democrática e muito menos pacífica. A partir de um contexto politeísta, a centralidade em Yahweh é um processo violento, de destruição da cultura religiosa do outro e da outra, de proibição do diferente, demonizando-o e tornando-o uma ameaça. Um processo nítido de intolerância religiosa.
A supressão do culto e da imagem da Deusa Asherah traz consigo conseqüências profundas para as relações entre os gêneros, afetando em especial aos corpos das mulheres, que tinham na Deusa uma possibilidade de representação do feminino no sagrado. A religião judaica vai se constituindo em torno de um único Deus masculino, legitimando historicamente uma sociedade patriarcal. Este poder divino imaginado somente como Deus afetou as mulheres, as crianças, a natureza, pois quase sempre partiu de um pressuposto de dominação, opressão e hierarquização das relações, tanto humanas como ecológicas.
Afirmar Asherah como Deusa é polêmico, mas necessário à religião e à pesquisa bíblica. Dar voz a uma época em que Deuses e Deusas eram adorados, em que o próprio Yahweh foi adorado ao lado de Asherah, nos impulsiona a re-pensar não só as relações pré-estabelecidas entre homens e mulheres, bem como, a própria representação do sagrado estabelecida.
Re-imaginar o sagrado como Deusa é re-imaginar as relações de poder, não numa tentativa de apagar a presença de Deus e sim de dar espaço ao feminino no sagrado, novamente o feminino não como um atributo do Deus masculino, mas como Deusa.
Esta talvez seja uma grande contribuição da reflexão feminista, que nos desloca e nos provoca a re-imaginar o sagrado, como possibilidade de re-imaginar a sociedade e as estruturas cristalizadas secularmente.
FONTES: DISCOVERY NEWS (Jennifer Viegas) THE TELEGRAPH (Michael Deacon) BIBLIOTECA PLAYADES (Ronald L. Ecker ) DAILYMAIL. MUNDO CURIOSO (Maria Luciana Rincón) A BÍBLIA.ORG ( Ana Luisa Alves Cordeiro)
18/04/2017
As igrejas evangélicas e os 128 anos da abolição da Escravatura
O Brasil completou, em 13 de maio de 2016, 128 anos da abolição da escravatura. Entretanto, as igrejas evangélicas brasileiras continuam com seu silêncio covarde e pecaminoso diante da realidade de opressão e racismo na qual se encontram os afrodescendentes. Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no período da escravidão. Era um grupo composto principalmente por defensores da escravidão, omissos, e poucos abolicionistas. No geral, os protestantes não tiveram um papel relevante na abolição da escravatura. Também nunca defenderam oficialmente sua posição em relação à escravidão no Brasil.
Conhecer esse passado da Igreja protestante no Brasil pode nos ajudar a entender a relação das igrejas evangélicas brasileira com o povo negro: sua cumplicidade na escravidão, sua omissão no passado e no presente diante do racismo, e seu silêncio no púlpito sobre a temática negra. As igrejas evangélicas mais uma vez perde a sua essência profética, como aconteceu quando a sociedade brasileira discutia a abolição da escravatura, o seu trabalho missionário, apresentou contradições pois não teve como características a contestação social e a atuação nos problemas políticos nacionais, diante da escravidão. Hoje o seu posicionamento sobre a temática negra praticamente não existe. Vejamos cinco casos da questão racial no Brasil, de repercussão nacional, as igrejas evangélicas foram e são omissas:
No centenário da abolição da escravatura.
Em 1988, ano em que se comemorava o centenário da abolição da escravidão no Brasil, as igrejas evangélicas perderam uma grande oportunidade rumo à remissão dos cem anos de omissão com relação ao povo negro. Os movimentos negros naquela ocasião buscavam uma oportunidade à reflexão, não era um momento festivo. A Igreja Católica lançava a Campanha da Fraternidade: “Ouvi o clamor deste povo”, com a temática negra. Enquanto as igrejas evangélicas repetiram o que fez cem anos antes na “abolição da escravatura”, mais uma vez omissa, ficando de fora, perdendo o seu testemunho cristão e o bonde da história.
Nas questões dos quilombolas
O quilombo constitui questão relevante desde os primeiros focos de resistência dos africanos ao escravismo colonial, e retorna à cena política durante a redemocratização do país. Trata-se, portanto, de uma questão importante na luta dos afrodescendentes. Nos últimos 20 anos, os descendentes de africanos organizados em associações quilombolas, em todo o território nacional, reivindicam o direito à permanência e ao reconhecimento legal de posse das terras ocupadas e cultivadas para moradia e sustento, bem como o livre exercício de suas práticas, crenças e valores considerados em sua especificidade. Com exceção da Igreja Anglicana, que na carta “Igreja Anglicana em defesa dos Quilombolas”, de abril de 2009, assinada pelo seu bispo primaz e dirigida ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Ação de Inconstitucionalidade apresentada pelo DEM (ex-PFL), as demais igrejas continuaram totalmente omissas em relação à questão dos quilombolas.
Na questão da intolerância religiosa
Outro tema preocupante é a intolerância religiosa, sobretudo em relação a seguidores de religiões de matriz africana. Um dos casos de maior repercussão foi o que vitimou a yalorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda. Sua morte gerou indignação de lideranças de diversas religiões, processo na Justiça e, como forma de reconhecimento, a instituição do dia 21 de janeiro como Dia Municipal de Luta contra a Intolerância Religiosa – que depois ganhou também um reconhecimento nacional.
>Sabemos que a intolerância religiosa pode resultar em perseguição religiosa e ambas têm sido comuns na história. A maioria dos grupos religiosos já passou por tal situação numa época ou noutra. Os próprios evangélicos eram chamados de bodes, nova seita. Bíblias eram confiscadas e queimadas na praça das cidades. Muitos tiveram suas casas incendiadas criminosamente, seus bens extraviados, suas vidas vilipendiadas. Essas mesmas igrejas hoje, omissas e até mesmo intolerantes, não podem esquecer que as igrejas evangélicas já foram perseguidas pelo ímpeto da intolerância.
Na crença da maldição do povo negro e africano
Dizem que a maldição de Cam está sendo simplesmente cumprida na medida em que os negros vivem para servir a outras raças, particularmente aos brancos. George Samuel Antoine, cônsul do Haiti no Brasil, numa entrevista veiculada pelo SBT, apontou como possível causa do terremoto certa maldição que pesa sobre o povo africano. Ao fazer tão infeliz comentário, o cônsul não sabia que ainda estava sendo filmado. Na mesma direção o tele-evangelista estadunidense Pat Robertson explicou as “desgraças” haitianas como sendo consequência de “pactos” ocorridos há 200 anos entre os haitianos e o demônio. Também o pastor e deputado federal, Marco Feliciano, disse no Twitter que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado”. O parlamentar, que é pastor, continua afirmando: “Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids, fome…” Entretanto, a questão que fica é: de onde vem essa ideia de maldição dos negros? Essas ideias vieram dos missionários, sulistas racistas, que tinham a escravidão como instituída por Deus para justificá-la, baseando-se em argumentos teológicos de que o povo negro era da descendência de Cam, filho de Noé, amaldiçoado para serem escravos dos escravos. O mais triste de tudo isso é que nenhuma denominação protestante ou liderança evangélica se manifestou ,oficialmente, diante dessas declarações. Mais uma vez as igrejas foram omissas, reforçando uma doutrina diabólica aceita por muitos crentes dentro dos seus templos.
Na questão das cotas
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre cotas marca um momento histórico. A mais alta corte de Justiça do país admitiu não só que existem brasileiros tratados como cidadãos de segunda classe, mas que eles têm direito a um tratamento especial para vencer a desigualdade. As ações afirmativas ou sistema de cotas é certamente o assunto mais polêmico quando se trata do ingresso de negros no ensino superior no Brasil. O STF julgou a constitucionalidade das cotas aplicadas na Universidade de Brasília desde 2004: 20% das vagas para “negros e pardos”. O partido Democrata (DEM) tinha acusado a medida de ser anticonstitucional.
Outra vez as igrejas evangélicas ficaram de fora de mais uma grande questão do povo negro, omissas e silenciosas. Agindo como na parábola do bom samaritano narrada por Jesus nos evangelhos: passando de largo diante das questões dos negros e das negras.
As organizações ecumênicas Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e Koinonia têm realizado diversas ações referentes às questões dos quilombolas e à intolerância religiosa, mas elas não falam pelas igrejas evangélicas. São vozes proféticas, solidárias e solitárias que são criticadas por essas igrejas por suas ações na questão racial.
No centenário da abolição da escravatura.
Em 1988, ano em que se comemorava o centenário da abolição da escravidão no Brasil, as igrejas evangélicas perderam uma grande oportunidade rumo à remissão dos cem anos de omissão com relação ao povo negro. Os movimentos negros naquela ocasião buscavam uma oportunidade à reflexão, não era um momento festivo. A Igreja Católica lançava a Campanha da Fraternidade: “Ouvi o clamor deste povo”, com a temática negra. Enquanto as igrejas evangélicas repetiram o que fez cem anos antes na “abolição da escravatura”, mais uma vez omissa, ficando de fora, perdendo o seu testemunho cristão e o bonde da história.
Nas questões dos quilombolas
O quilombo constitui questão relevante desde os primeiros focos de resistência dos africanos ao escravismo colonial, e retorna à cena política durante a redemocratização do país. Trata-se, portanto, de uma questão importante na luta dos afrodescendentes. Nos últimos 20 anos, os descendentes de africanos organizados em associações quilombolas, em todo o território nacional, reivindicam o direito à permanência e ao reconhecimento legal de posse das terras ocupadas e cultivadas para moradia e sustento, bem como o livre exercício de suas práticas, crenças e valores considerados em sua especificidade. Com exceção da Igreja Anglicana, que na carta “Igreja Anglicana em defesa dos Quilombolas”, de abril de 2009, assinada pelo seu bispo primaz e dirigida ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Ação de Inconstitucionalidade apresentada pelo DEM (ex-PFL), as demais igrejas continuaram totalmente omissas em relação à questão dos quilombolas.
Na questão da intolerância religiosa
Outro tema preocupante é a intolerância religiosa, sobretudo em relação a seguidores de religiões de matriz africana. Um dos casos de maior repercussão foi o que vitimou a yalorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda. Sua morte gerou indignação de lideranças de diversas religiões, processo na Justiça e, como forma de reconhecimento, a instituição do dia 21 de janeiro como Dia Municipal de Luta contra a Intolerância Religiosa – que depois ganhou também um reconhecimento nacional.
>Sabemos que a intolerância religiosa pode resultar em perseguição religiosa e ambas têm sido comuns na história. A maioria dos grupos religiosos já passou por tal situação numa época ou noutra. Os próprios evangélicos eram chamados de bodes, nova seita. Bíblias eram confiscadas e queimadas na praça das cidades. Muitos tiveram suas casas incendiadas criminosamente, seus bens extraviados, suas vidas vilipendiadas. Essas mesmas igrejas hoje, omissas e até mesmo intolerantes, não podem esquecer que as igrejas evangélicas já foram perseguidas pelo ímpeto da intolerância.
Na crença da maldição do povo negro e africano
Dizem que a maldição de Cam está sendo simplesmente cumprida na medida em que os negros vivem para servir a outras raças, particularmente aos brancos. George Samuel Antoine, cônsul do Haiti no Brasil, numa entrevista veiculada pelo SBT, apontou como possível causa do terremoto certa maldição que pesa sobre o povo africano. Ao fazer tão infeliz comentário, o cônsul não sabia que ainda estava sendo filmado. Na mesma direção o tele-evangelista estadunidense Pat Robertson explicou as “desgraças” haitianas como sendo consequência de “pactos” ocorridos há 200 anos entre os haitianos e o demônio. Também o pastor e deputado federal, Marco Feliciano, disse no Twitter que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado”. O parlamentar, que é pastor, continua afirmando: “Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids, fome…” Entretanto, a questão que fica é: de onde vem essa ideia de maldição dos negros? Essas ideias vieram dos missionários, sulistas racistas, que tinham a escravidão como instituída por Deus para justificá-la, baseando-se em argumentos teológicos de que o povo negro era da descendência de Cam, filho de Noé, amaldiçoado para serem escravos dos escravos. O mais triste de tudo isso é que nenhuma denominação protestante ou liderança evangélica se manifestou ,oficialmente, diante dessas declarações. Mais uma vez as igrejas foram omissas, reforçando uma doutrina diabólica aceita por muitos crentes dentro dos seus templos.
Na questão das cotas
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre cotas marca um momento histórico. A mais alta corte de Justiça do país admitiu não só que existem brasileiros tratados como cidadãos de segunda classe, mas que eles têm direito a um tratamento especial para vencer a desigualdade. As ações afirmativas ou sistema de cotas é certamente o assunto mais polêmico quando se trata do ingresso de negros no ensino superior no Brasil. O STF julgou a constitucionalidade das cotas aplicadas na Universidade de Brasília desde 2004: 20% das vagas para “negros e pardos”. O partido Democrata (DEM) tinha acusado a medida de ser anticonstitucional.
Outra vez as igrejas evangélicas ficaram de fora de mais uma grande questão do povo negro, omissas e silenciosas. Agindo como na parábola do bom samaritano narrada por Jesus nos evangelhos: passando de largo diante das questões dos negros e das negras.
As organizações ecumênicas Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e Koinonia têm realizado diversas ações referentes às questões dos quilombolas e à intolerância religiosa, mas elas não falam pelas igrejas evangélicas. São vozes proféticas, solidárias e solitárias que são criticadas por essas igrejas por suas ações na questão racial.
Por: Hernani Francisco da Silva – Afrokut
06/03/2017
''Abuso infantil ocorre porque as crianças estão consentindo'' diz Bispo. (2007)
Já faz 10 anos, mas continua atual esse tipo de pensamento e declarações dadas por homens de deus.
O bispo da diocese nivariense de Tenerife, Bernardo Álvarez, presenteou seus fiéis com algumas declarações polêmicas na noite de Natal passada.
Em uma entrevista ao jornal local "A opinião de Tenerife", Álvarez advertiu que há ocasiões em que "o abuso a menores existe porque há crianças que consentem" Adolescentes concordam? "Existem adolescentes de 13 anos que estão perfeitamente de acordo e inclusive o desejam, se você se descuida eles te provocam", declarou o bispo. Não foi a única opinião polêmica que o bispo exibiu na entrevista. Segundo Álvarez, "hoje em dia se deve ter muito cuidado porque não se pode dizer que a homossexualidade é algo de que se sofre, ou padece, não é politicamente correto dizer que é uma doença, uma deficiência ou uma má-formação da natureza própria do ser humano". Depois de ressaltar que respeita os homossexuais, Álvarez despontou afirmando que "a homossexualidade é algo que prejudica as pessoas e a sociedade, e no futuro pagaremos as consequências, como assim pagaram as outras civilizações". Para finalizar, o bispo de Tenerife deu ênfase a seus conhecimentos sexuais. "não devemos confundir a homossexualidade como necessidade existencial de uma pessoa, com aquela que é praticada como vício, isso é como a prática do abuso de menores, fazem porque são atraídos pela novidade, uma forma de sexualidade diferente", declarou. Manifestam seu repúdio A fundação "Triângulo Canárias para a igualdade social de gays e lesbicas", através de seu presidente Jhon Alfredo Pazmiño, manifestou seu repúdio às declarações do bispo e advertiu que "é repudioso que Álvarez se refira às relações homossexuais usando as velhas definições da psiquiatria quando era considerada uma doença".
O bispo da diocese nivariense de Tenerife, Bernardo Álvarez, presenteou seus fiéis com algumas declarações polêmicas na noite de Natal passada.
Em uma entrevista ao jornal local "A opinião de Tenerife", Álvarez advertiu que há ocasiões em que "o abuso a menores existe porque há crianças que consentem" Adolescentes concordam? "Existem adolescentes de 13 anos que estão perfeitamente de acordo e inclusive o desejam, se você se descuida eles te provocam", declarou o bispo. Não foi a única opinião polêmica que o bispo exibiu na entrevista. Segundo Álvarez, "hoje em dia se deve ter muito cuidado porque não se pode dizer que a homossexualidade é algo de que se sofre, ou padece, não é politicamente correto dizer que é uma doença, uma deficiência ou uma má-formação da natureza própria do ser humano". Depois de ressaltar que respeita os homossexuais, Álvarez despontou afirmando que "a homossexualidade é algo que prejudica as pessoas e a sociedade, e no futuro pagaremos as consequências, como assim pagaram as outras civilizações". Para finalizar, o bispo de Tenerife deu ênfase a seus conhecimentos sexuais. "não devemos confundir a homossexualidade como necessidade existencial de uma pessoa, com aquela que é praticada como vício, isso é como a prática do abuso de menores, fazem porque são atraídos pela novidade, uma forma de sexualidade diferente", declarou. Manifestam seu repúdio A fundação "Triângulo Canárias para a igualdade social de gays e lesbicas", através de seu presidente Jhon Alfredo Pazmiño, manifestou seu repúdio às declarações do bispo e advertiu que "é repudioso que Álvarez se refira às relações homossexuais usando as velhas definições da psiquiatria quando era considerada uma doença".
Fonte: 20 Minutos (edição espanhola) - 2007
16/02/2017
Igreja Assembléia de Deus proíbe seus adeptos de namorar
Um documento redigido pela Igreja Assembleia de Deus de Pernambuco chama atenção por um trecho no qual decreta que os jovens não estão “autorizados” a namorar. O documento é assinado pelo pastor Ailton José Alves e pela coordenação do Departamento Adolescente da igreja.
Uma foto que mostra o trecho em questão tem circulado nas redes sociais e gerado polêmica. Enquanto alguns defendem que o texto não é verdadeiro, outros questionam até que ponto vai o poder da igreja nesse campo pessoal. Procurada para esclarecer a questão, a assessoria de comunicação da Assembleia de Deus de Pernambuco confirmou que o documento existe, mas disse que não irá se pronunciar sobre a proibição.
O texto que se destaca e tem gerado discussões diz o seguinte: “Adolescentes componentes da união, NÃO ESTÃO AUTORIZADOS A NAMORAR. Os que insistirem devem ser encaminhados ao Presbítero e ao Coordenador da área que já estão devidamente orientadas como proceder”.
Assembleia de Deus diz que usou o termo errado
Através de sua assessoria, a Assembleia explicou apenas que o uso do termo “não estão autorizados” foi usado de maneira incorreta. O correto, para eles, seria afirmar que os jovens devem ser desaconselhados a namorar com o intuito de evitar situações de promiscuidade, ou até mesmo uma gravidez indesejada.
Outro esclarecimento é que o documento não é distribuído aos fiéis da igreja. Ele é de uso interno e tido como base para orientar pais que estejam notando um comportamento inadequado de seus filhos. Tais orientações, por exemplo, são mais comuns em tempos de grandes festividades – como o Carnaval – como forma de alerta para as possíveis “tentações.”
Fonte: Cofemac
Uma foto que mostra o trecho em questão tem circulado nas redes sociais e gerado polêmica. Enquanto alguns defendem que o texto não é verdadeiro, outros questionam até que ponto vai o poder da igreja nesse campo pessoal. Procurada para esclarecer a questão, a assessoria de comunicação da Assembleia de Deus de Pernambuco confirmou que o documento existe, mas disse que não irá se pronunciar sobre a proibição.
O texto que se destaca e tem gerado discussões diz o seguinte: “Adolescentes componentes da união, NÃO ESTÃO AUTORIZADOS A NAMORAR. Os que insistirem devem ser encaminhados ao Presbítero e ao Coordenador da área que já estão devidamente orientadas como proceder”.
Assembleia de Deus diz que usou o termo errado
Através de sua assessoria, a Assembleia explicou apenas que o uso do termo “não estão autorizados” foi usado de maneira incorreta. O correto, para eles, seria afirmar que os jovens devem ser desaconselhados a namorar com o intuito de evitar situações de promiscuidade, ou até mesmo uma gravidez indesejada.
Outro esclarecimento é que o documento não é distribuído aos fiéis da igreja. Ele é de uso interno e tido como base para orientar pais que estejam notando um comportamento inadequado de seus filhos. Tais orientações, por exemplo, são mais comuns em tempos de grandes festividades – como o Carnaval – como forma de alerta para as possíveis “tentações.”
Fonte: Cofemac
Assinar:
Postagens (Atom)