Téa, a ateia©

“Deuses são coisas frágeis; eles podem ser mortos com uma baforada de ciência ou uma dose de senso comum.” -Chapman Cohen

06/06/2016

Giordano, o mártir do livre pensamento

 A morte de Bruno foi um símbolo de um período em mudança. Seus livros foram queimados, mas suas ideias continuaram. Esses atos mostravam, claramente, o desespero da igreja frente as mudanças e reformas que estavam acontecendo naquele período (XVI).


Muitos já devem ter ouvido falar de Giordano Bruno (1548 - 1600), considerado um dos pioneiros da ciência moderna. Muitos já devem ter ouvido falar também sobre a Idade Média, período marcado pela perseguição impiedosa da Igreja Católica aos pensadores que agiam contrários as ideias e dogmas cristãos. Nesse período, não havia muito espaço para contestações e críticas aos postulados impostos pela Igreja. Na época, muitos pensadores foram intitulados hereges, blasfemadores e, até mesmo, praticante de bruxaria. Passavam pelo tribunal da Santa inquisição, eram condenados e morriam queimados, em praça pública. Nascido numa família da nobreza de Nola (próximo ao Vesúvio) em 1548, Giordano, inicialmente chamava-se Fellipo Bruno. Aos 13 anos, começou a estudar Humanidades, Lógica e Dialética em Nápoles, no mesmo convento em que São Tomás de Aquino vivera e ensinara. Em 1565, aos 17 anos, recebeu o hábito de dominicano, ocasião em que mudou o nome para Giordano. Ordenado sacerdote em 1572, continuou seus estudos de Teologia no convento, concluindo-os em 1575. Para ele Deus transcendia a tudo e a todos, devendo ser buscado pela fé fervorosa, mais do que pela inteligência. Defendeu também o Panteísmo ao considerar que Deus estava em tudo o que havia na natureza. Em suas elaborações filosóficas duvidava dos preceitos católicos da Santíssima Trindade e questionava a existência de um Deus único e exterior ao homem, reprovando a violência por parte da religião, tanto que se recusou tenaz e obstinadamente a retratar-se diante da suprema corte, o que resultou em sua condenação. 

Defendia ainda que o universo era infinito, preceito contrário ao da igreja, que preconizava o geocentrismo, considerando a terra o centro do universo. Assim admitiu a teoria copernicana, relatando ser a terra mais um planeta entre uma infinidade de planetas e estrelas. Giordano, ao contrário de Galileo Galilei (1564–1642), negou-se a refutar a teoria do astrônomo alemão Johannes Kepler (1571–1630) de que a Terra girava em torno do Sol. Além disso, por ser padre e teólogo, suas heresias e dúvidas em relação à Santíssima Trindade, por exemplo, partiam de dentro da Igreja e foram interpretadas como um ato de insubordinação ao papa. No dia 17 de fevereiro de 1600, Giordano Bruno era queimado vivo no Campo dei Fiori, em Roma, depois de dois julgamentos e seis anos de cárcere, sob acusação de heresia e blasfêmia. A morte de Bruno foi um símbolo de um período em mudança. Seus livros foram queimados, mas suas ideias continuaram. Esses atos mostravam, claramente, o desespero da igreja frente as mudanças e reformas que estavam acontecendo naquele período (XVI). O exemplo de Bruno não é o único no campo de censura da Igreja, podemos lembrar de Hipátia de Alexandria (355 d.C – 415), outra que seria imortalizada pela posteridade. ou Galileu, exemplos não faltam. A Igreja Católica sempre tentou impedir que ideias contrárias a suas doutrinas se espalhassem, para não correr o risco de perder espaço e o controle do poder. Index Librorum Prohibitorum (Índice dos Livros Proibidos) foi foi uma lista de publicações literárias que eram proibidas pela Igreja Católica e as regras para que um livro entrasse nessa lista eram teorias que a Igreja Católica Apostólica Romana não apoiassem. Nela estavam livros que iam contra os dogmas da Igreja e que continham conteúdo tido como impróprio. Na lista aparecia pensadores como; Galileu Galilei, Copérnico, Giordano Bruno, Maquiavel, Thomas Hobbes, René Descartes, Rousseau, Montesquieu e Immanuel Kant. Hoje em dia, ainda há uma tentativa de censura e difamação de cientistas e pensadores – claro que não como em séculos passados – entretanto, é inegável a tentativa da igreja de faze-lo. 

Quando vemos pastores como Silas Malafaia (Presidente da Assembleia de Deus), difamando cientistas, como aconteceu, em 2013, com Eli Viera (Doutor em genética, pela Universidade de Cambridge), usando seus discursos sem argumentos sólidos, apenas para deleite de seu público e para não correr o risco de perder espaço e o controle do poder. Isso consolida ainda mais a ideia de retrocesso e tentativa de censura da Igreja. Será que ainda vamos ter que conviver com a restrição e discordância da Igreja? Quantos pensadores ainda serão queimados em praça pública, para que doutrinas se mantenham intactas? ( J.C )

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